Bernard

Desde criança, Bernard enxergava o mundo de forma única. Onde outros viam apenas paisagens comuns, ele via composições vivas de luz e sombra, emoções escondidas nos detalhes da natureza e da rotina. O tilintar da chuva na terra, o brilho passageiro do orvalho, o modo como a luz pousava nos rostos distraídos — tudo era matéria-prima para sua sensibilidade. Sua paixão pela arte nasceu num encontro breve com um viajante que pintava. A partir dali, nunca mais parou. Transformou carvão e madeira em esboços, depois fez das paisagens e das pessoas seus temas eternos. Para Bernard, pintar não era representar. Era revelar. Ele partiu jovem da vila natal, movido não pela fuga, mas pela busca. Vagava sem destino fixo, colecionando rostos, histórias e atmosferas. Suas telas não apenas mostravam o mundo — elas o escancaravam em sua forma mais honesta, mais bela, mais viva.

Bernard é um andarilho-artista, alguém que sente antes de entender, que observa antes de julgar. Sua alma inquieta o leva a colinas misteriosas, onde encontra musas imprevistas como Aurora — uma presença que o inspirou profundamente, mas cuja relação desafiou suas expectativas mais íntimas. E quando o tempo dobra e a realidade se confunde com o imaginário, Bernard não recua. Ele segue pintando. Mesmo diante de criaturas mágicas, cadernos enigmáticos e sinais de que sua história é maior do que parece, ele enfrenta o desconhecido com a mesma entrega que dedica a cada pincelada. Bernard é mais que um artista. Ele é testemunha. É elo entre o visível e o invisível. Um personagem que carrega nas tintas a essência do mundo e, com isso, nos convida a ver além da superfície — a enxergar, como ele, com a alma.

Esta galeria é um convite a adentrar o mundo de Bernard, tingido pelos marrons profundos de sua época e pelos castanhos quentes de suas reflexões.

Livros em que aparece: Reflexos da Alma; Dobras do Tempo.